Exposição Extremos Patricia Noronha

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A exposição deseja abrir um espaço para uma relação reflexiva do sujeito com a imagem, percorrendo paisagens inóspitas da Patagônia chilena e imaginando as sensações que uma região distante nos causa. Buscando memórias e descrevendo sensações, a fotógrafa marca sua passagem e registra suas impressões. O registro da imagem e a descrição das memórias e reflexões que ela suscita nos indicam um dos muitos caminhos possíveis de registrar e guardar as vivências.
Cada foto vem acompanhada de um pequeno ensaio sensível sobre as paisagens encontradas na região.
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Conheça um pouco dos bastidores da viagem

 

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"Eu vi um vulto passando bem na frente do mar, enquanto a Paty tava tirando a foto. Depois vimos as pegadas e era uma puma mesmo que tinha passado pela gente!" - Victor Briaunys
 
"Pumas não comem pessoas. Assim dizem... Mas na dúvida, ao ver essa pegada, a saída tem que ser imediata." - Patricia Noronha

 

 

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Extremos

 

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Na sociedade atual é comum vermos muitas fotos selfie com a finalidade de mostrar-se um pouco aos outros, muitas vezes por meio de redes sociais. No entanto, aqui se pretende um resgate introspectivo, para dentro si mesmo, com reflexões a partir das memórias dessas vivências e compartilhamento destas com a finalidade de reflexão e deslumbramento diante da natureza.
A passagem pela região de Magalhães e Antártica, passando por lugares da Patagônia Chilena, onde a natureza resiste às intempéries foram aqui retratadas. A luta pela vida se faz presente na natureza e os nomes dos lugares indicam que há de se ter perseverança para ali sobreviver.
A presente exposição deseja abrir um espaço para uma relação reflexiva do sujeito com a imagem, percorrendo essas paisagens inóspitas e imaginando as sensações que uma região distante nos causa. Buscando memórias e descrevendo sensações, a fotógrafa marca sua passagem e registra suas impressões. O registro da imagem e a descrição das memórias e reflexões que ela suscita nos indicam um dos muitos caminhos possíveis de registrar e guardar as vivências.
Desfrutem dessa experiência, que dá início ao nosso percurso pelos caminhos da fotografia e pela nossa própria memória, indicando a importância dessa linguagem em nossa vida.

 

 

 

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Rota do Fim do Mundo
Patrícia Noronha (A caminho de Puerto Natales - Patagônia Chilena, jan. 2023)

 

 

 

Os nomes dizem um pouco da história e das condições que os desbravadores encontraram na região. A rota do fim do mundo (Ruta 9) nos leva ao Porto del Hambre (Porto da Fome), Provincia Última Esperanza (Província Última Esperança), Laguna Amarga, (lagoa amarga). Com seus canais, fiordes e golfos, os extremos do clima e natureza nos convidam a pensar sobre o quanto vida e morte se encontram a cada pássaro caído, carro tombado ou ventos fortíssimos (chamados ironicamente pelos habitantes da região de “brisa magallanica”)
 
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O vento
Patrícia Noronha (Rota do fim do mundo - Patagônia chilena, jan. 2023)

 

Acredito que ambiente extremos sempre nos lembram da finitude da vida e do quanto ela, muitas vezes, é resistência e luta. A morte aparece como uma sombra, uma lembrança de que é no extremo que a vida e a morte se encontram. Se a imagem produz um vazio, no sentido de que não há a vida, o tempo e o espaço se suspendem no registro. A imagem da árvore é mais que uma imagem dela, vista e reconhecida, mas o registro de algo invisível, que é determinante nessa imagem: o vento. É o registro de uma ausência, do que não se pode sentir ao olhar a foto, como se sentiu no momento da vivência: vento frio na pele, rajada agressiva, como um tapa a tentar nos derrubar. O protagonista dessa imagem aparece no formato da árvore, curvada à força do vento, mas não rendida a ele poste que se esforça e se apega à terra para sua salvação.
A intempérie invisível nos leva à constatação de que ali predomina o tempo extremo e ameaçador. Viver é resistência que nos apega à raiz de nós mesmos, tal como a árvore se apega ao chão para sobreviver.

 

 

 

Do grande e do pequeno, a convivência distante ainda resiste. A flor emoldura uma paisagem inacessível de Puerto Natales. Algumas vias são encontradas cerradas e o aviso de que é uma propriedade privada a partir dali impede a continuação da viagem.
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A imensidão e a florzinha
Patrícia Noronha (Puerto Natales - Patagônia chilena, jan. 2023)

 

 

 

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A casinha
Patrícia Noronha (Puerto Natales - Patagônia chilena, jan. 2023)
 
Uma casinha de lata e plástico. Uma entre muitas. Outro formato de casa, torta pelo vento, mas resistente a ele. Viajar aí foi sentir uma brisa tão forte nunca antes sentida e um cheiro de mar e pesca. Viajar para qualquer lugar é ver e sentir com todo o corpo o que não se pode ver nem sentir em casa, é rasgar os olhos diante de uma realidade nunca antes experimentada. Fotografar é congelar o tempo e o espaço na memória e poder guardar esse vestígio para sempre lembrar que a estrada longa e estranha nos amplia a visão do que é vida e as diferentes formas de viver nos diversos lugares.

 

 

 

A luz e a pedra
Patrícia Noronha (Punta Arenas - Patagônia chilena, jan. 2023)

 

 

 

Não é necessário estar perto do mar para sentir o intenso odor marítimo. A luz ilumina, mas não aquece tanto, mesmo em tempos amenos. As pedras encontram-se com o mar sereno e escutamos pássaros ao longe. Algumas aves alimentam-se na imensidão e nós contemplamos o pequeno e o grande, o perto e o distante, o contexto extremo que encontramos na região de Magalhães e Antártica.
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A bruma
Patrícia Noronha (Próximo do Lago Grey - Patagônia chilena, jan. 2023)
 
A bruma apaga o verde das folhas, o azul do céu, embranquece a vista, esconde a paisagem. O vento nos levanta, ruído intenso em nossos ouvidos que fica enquanto lembrança grata pelo momento em que cessa. O ar úmido pode cheirar a bosques subpolares ou a peixe fresco diante do mar imenso. O vento e a garoa esfriam toda a região de Magalhães e Antártica enquanto que a nós, seres minimais diante daquela imensidão de natureza, resta somente a submissão aos caprichos da natureza.

     

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Expediente

 

Obras e ensaios: Patrícia Noronha
Expografia: Victor Briaunys\ Museu.biz
Espaço: Biblioteca Municipal Carlos Drummond de Andrade